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terça-feira, 6 de abril de 2010

JOÃO CALVINO - UM CORAÇÃO DÓCIL NAS MÃOS DE DEUS

Calvino foi um daqueles raros indivíduos em que o pensamento e a ação se conjugam e que deixa a sua marca gravando-a profundamente na história. Sua influência não ficou restrita a Genebra, mas espalhou-se pela Europa inteira e mais tarde pelo Novo Continente. Calvino tinha a preocupação para que a fé reformada não se acomodasse dentro da Igreja em Genebra e, até mesmo, se preocupou com o Brasil.[1]
Fiquei feliz em ver a comemoração dos 500 anos de seu nascimento com a inauguração do monumento escultórico colocado na Praça que leva o seu nome.[2]
Uma Igreja não vive sem teologia e Calvino, com as Institutas, organizou as linhas básicas para o pensamento teológico de nossa Igreja.[3]
Calvino brilhou não só como teólogo, mas como pastor, como liturgo e como orientador na reforma social e política de Genebra. É difícil dizer em que ele foi melhor. Ele, realmente, teve uma vida muito rica de realizações e tudo o que ele fez foi grandioso.
Como auxiliar de diaconia, vou focalizar, apenas, a posição de Calvino a respeito da responsabilidade social da Igreja.
Como os outros reformadores, ele deu atenção aos problemas sociais de sua época, mas com uma visão mais ampla e amadurecida sobre o assunto. Ele mostrou qual deveria ser o papel da Igreja cristã na reconstrução de uma sociedade justa que refletisse a vontade de Deus em termos de justiça social. Ele tratou de questões relacionadas com a responsabilidade social da Igreja e não se omitiu de púlpito e em seus escritos. Seu pensamento social desenvolveu-se a partir da sua convicção de que Cristo é Senhor de todos os aspectos da vida humana, e de que a Palavra de Deus deve regular todas as áreas da vida.
A situação que prevalecia em Genebra, além da degradação moral, antes da chegada da Reforma Espiritual, era de graves problemas sociais: os trabalhadores eram oprimidos por baixos salários e jornadas extensas de trabalho; campeava o analfabetismo, e a ignorância; havia aguda falta de assistência social por parte do Estado; prevalecia a embriagues e a prostituição. Destacava-se o vício do jogo de cartas, que levava o pouco dinheiro do povo.
Mas Genebra tornou-se o centro espiritual e social da Reforma Protestante na Europa, pois para Calvino a responsabilidade da Igreja na restauração da sociedade não fica só na parte espiritual, mas se estende também ao ensino secular e assistência social.
Calvino preocupou-se em cuidar dos pobres, dos órfãos e das viúvas e, até dos idosos — enfim, dos necessitados. E isto sem fazer distinção entre os da igreja e os de fora. Ou seja, a assistência social contemplava inclusive os estrangeiros e refugiados que chegavam a Genebra.
O órgão encarregado do ministério de assistência social da Igreja, mostrou Calvino, é o diaconato. Foi Calvino quem primeiro resgatou esta função bíblica do ofício diaconal.
Com Carvino, o diaconato é organizado e entra imediatamente em ação. E a vida do povo de Genebra mudou em muitos modos: a criação de bons hospitais, sistema apropriado de esgoto, coleta de lixo, rede protetora nas janelas de andares superiores para evitar que crianças caíssem , cuidado com pobres e deficientes, o ensino progride (é fundada a Universidade) e verifica-se a introdução de novas indústrias como a de relógios. Ele incentivou o uso do francês nas igrejas e, pessoalmente pelos seus escritos nesta língua, contribuiu para sua solidificação como língua moderna.
O pensamento social de Calvino tem produzido abundantes frutos na história da humanidade, após a Reforma. Muitas das universidades, escolas, e asilos de que temos notícia foram fundados por calvinistas. Boa parte das críticas feitas contra os calvinistas, de que são levados à inércia e paralisia social por causa de sua ênfase na soberania de Deus em detrimento da responsabilidade humana, simplesmente revela um desconhecimento (proposital?) dos fatos e uma ignorância do que seja o Calvinismo.
Com certeza, os princípios elaborados por Calvino para atender às questões sociais e econômicas, de então, são válidos para nós hoje, pois são bíblicos. Quer na Suíça medieval, quer no Brasil moderno, permanece como verdade imutável o fato de que a raiz da opressão social é espiritual e moral, como Calvino apregoou; bem como o fato de que Jesus Cristo é o Senhor de todas as coisas, em todos os lugares, e em todas as épocas, e que Seu Reino se estende à política, à sociedade e à economia tanto de genebrinos quanto de brasileiros.
A Igreja de Cristo, usando os meios apropriados, lícitos e legais para protestar, deve advertir e resistir à injustiça social, usando a pregação da Palavra para chamar ao arrependimento os governantes corruptos, os ricos opressores e os pobres preguiçosos, e deve realizar obras de misericórdia e assistência social através de uma diaconia treinada e motivada.
Mas, todo este envolvimento social deve acontecer sem perder de vista que a missão primordial da Igreja é promover a reforma (embora não perfeita) da sociedade através da proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, aguardando os novos céus e a nova terra onde habita a plena justiça de Deus.
DEUS NOS GUARDE!
Elenice Arruda

[1] No final de 1556, atendendo à demanda dos franceses que estavam na Ilha de Coligny, hoje Ilha de Villegagnon [...], João Calvino enviou uma comitiva de crentes artesão e pastores para trazerem a fé reformada para o novo continente. Eram eles: Filipe du Pont, Rev. Pierre Richier, Rev. Guillaume Chartier, Pierre Burdon, Matthieu Verneuil, Jean Raviquet, Nicolas Carmeau, Jacques Rousseau, Jean de Lety, 14 huguenotes que chegaram à Baía da Guanabara em 10 de março de 1557 (quando celebraram um Culto no salão da ilha, quando o Rev. Richier pregou no Salmo 27:4). (CUNHA, G. Palavra dos Presidentes, Celebração Litúrgica 441 anos do Culto Calvinista no Brasil, p.1)
[2] Talvez, devido a muitos presbiterianos que são mais calvinistas que Calvino, há uma quase rejeição por ele, em nossas Igrejas Presbiterianas. Eu verifico, por outro lado uma grande admiração por Lutero e ele bem o merece. Em outubro Lutero é lembrado e enaltecido, mas Calvino é bem esquecido em nossas Igrejas.
[3] Calvino não criou doutrinas, mas as estruturou segundo formas claras, aliás doutrinas nunca são criadas, mas sim sistematizadas. A espinha dorsal da doutrina de Calvino, bem como da Igreja Presbiteriana, está firmada na Soberania de Deus. Isto ele registrou nas Institutas: Deus é soberano
Este artigo sobre Calvino me foi pedido, em julho de 2009, pela Junta Diaconal da Igreja do Rio (pelo 500 anos de seu nascimento), mas havia outros artigos de pessoas mais ilustres e o meu foi cortado pelo meio e truncado. Assim, o estou publicando, na íntegra no meu blog . Eu admiro muito tanto JOÃO CALVINO quanto ASHBEL GREEN SIMONTON. Para mim foram dois servos fiéis ao Senhor.
Foram pessoas frágeis fisicamente, mas gigantes na fé e na fidelidade ao SENHOR.

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